COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA - A arte de transformar muros em Janelas
Seminário realizado em de março de 2010.
Facilitador: Sven Fröhlich Archangelo
É um processo de entendimento, desenvolvido pelo psicólogo Dr. Marshall Rosenberg nos anos setenta a partir da psicologia humanística de Carl Rogers. Esse processo facilita a harmonização de suas necessidades, com as necessidades de outras pessoas, de uma maneira empática. Grande parte dos problemas entre casais, pais, filhos, empregados e empregadores, vizinhos e governantes podem ser amenizados e frequentemente evitados apenas com palavras.
Tudo o que falamos ou fazemos tem
como objetivo atender nossas necessidades ou fazer com que sejam atendidas por
outras pessoas. A intenção da comunicação não violenta é (re) criar uma conexão
entre pessoas, para que todas as necessidades sejam atendidas sem violência.
Para criar conexões devemos ser neutros e não utilizar “GAVETAS”, preconceitos
formados, julgamentos pré-concebidos sobre o outro. Existem avaliações
comportamentais que são vistas como sentimentos, quando na verdade são
julgamentos ou críticas. No julgamento,
o uso da razão e das “gavetas” é comum, é a relação de causa e efeito, existe a
intenção de castigar ou premiar. Em contra partida podemos fazer uma valorização que é o oposto do
julgamento, nela nos preocupamos se o comportamento ou a necessidade do outro
combina com os nossos valores, se atende às nossas necessidades. Na valorização é criada a conexão, a
energia está no coração, olhamos com os olhos do outro, nos colocamos no lugar
do próximo e existe a intenção de fazer acordos.
Ninguém pode nos ferir com palavra
(criar sentimentos) se você próprio não permitir. Para fazer uma correta avaliação
de uma situação, devemos passar por etapas como a observação, que são os fatos ocorridos que estimulam a
interpretação, a interpretação
propriamente dita, ou seja, a minha tentativa de compreender, o que realmente
penso sobre o que estou vendo e a avaliação
que é a fonte dos nossos sentimentos, é o que sinto sobre o que estou pensando.
A violência é uma atitude trágica de uma necessidade não
atendida. O outro não é responsável pelos seus sentimentos, poder
ouvir e ter controle sobre como reagir é uma arma poderosíssima. A Comunicação
Não Violenta possui uma estrutura, treina a observação da situação e os sentimentos,
separa e descrevem as reações, nos mostra como devemos expressar-nos, e
procurar as reais necessidades no outro para solucionar o problema em questão.
A mensagem possui uma arquitetura
formada por quatro aspectos que são o fato,
o apelo, a relação e a auto-revelação. O fato é a descrição da mensagem, o apelo, o
que eu desejo realmente que a pessoa faça, a relação é o meu julgamento ou
avaliação sobre a outra pessoa e a auto-revelação é a minha real necessidade.
Na Comunicação não violenta existem 4
passos, que são os passos para expressar-se, são eles:
OBSERVAÇÃO - FATO
SENTIMENTO – O QUE SINTO
NECESSIDADE – O QUE QUERO
PEDIDO - APELO
Como acima, a Observação é o fato
ocorrido, direto e objetivo (ex.: O semáforo está verde), o outro passo é
demonstrar nossos sentimentos (raiva, alegria, tristeza), no nível do
sentimento podemos trocar facilmente por pensamentos, muitas vezes é apenas uma
crítica reprimida e pensamos ser um sentimento, nesse momento podemos criar
crenças limitadoras ou não (ex: Estou nervoso). Passamos então para a nossa
real necessidade, muitas vezes não falamos realmente o que queremos, deixamos
essa mensagem oculta e descobrir a necessidade do outro é quase que acabar com
o problema (ex: Quero chegar na hora. A pontualidade é importante para mim),
nesse nível formamos julgamentos e o pedido, que é um tipo de apelo, que sempre
deve conter a sua real necessidade (ex: Por favor, pode acelerar?).
Esse tipo de comunicação apresenta
quatro reações:
1) Postura de culpar o outro, é o que chamamos de pingue-pongue, as
pessoas discutem entre si, defendem-se, trocam ofensas a briga é estimulada. As
partes não prestam atenção às necessidades do outro causando desconforto e irritabilidade.
Tentam à todo momento defender-se dos julgamentos.
2) Postura de Culpar a nós mesmos, quando a raiva é expressada e o
ouvinte adota uma postura de coitado, vítima, de ser o total culpado pelo
ocorrido. Pode causar desconforto e sensação de pena no outro.
3) Postura de Empatia, quando questiona-se as necessidades do outro
buscando a compreensão e tentando fazer uma conexão. Muitos sentimentos podem
aparecer, menos culpas, vergonha ou raiva.
4) Postura de Honestidade, quando a conexão é feita com a pessoa que
expõe o problema mostrando que se importa com os seus sentimentos. Essa
comunicação trabalha o feedback. Foca honestamente nos sentimentos do outro.
Para expressar-nos corretamente
sempre devemos utilizar o esquema da observação, seguido do sentimento, nossas
reais necessidades e o nosso pedido.
Pedir é uma arte, eles devem ser concretos, positivos e podem ser
verificados. Devemos ter o cuidado de não confundir pedidos com exigências.
Quando pedimos algo, aceitamos NÃO
como resposta, o critério básico do pedido é o outro ter o direito de escolha.
Já na exigência ocorre uma submissão ou rebelião. Não existe a escolha a
empatia, o querer do outro não tem importância, não existe respeito pelo querer
alheio.
Aprender a comunicação não violenta agrega
força e tranqüilidade, pois você passa saber que o outro não tem poder sobre os
seus sentimentos, sobre o seu estado, suas avaliações podem ser mais justas e
concretas, suas expressões e palavras podem ser controladas e avaliadas para
lhe servirem de ferramenta para uma comunicação mais eficaz, trazendo maior e
melhor qualidade de vida. Viva a Comunicação!
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