24 de novembro de 2012

COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA - A arte de transformar muros em Janelas


COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA - A arte de transformar muros em Janelas

Seminário realizado em de março de 2010.
Facilitador: Sven Fröhlich Archangelo


É um processo de entendimento, desenvolvido pelo psicólogo Dr. Marshall Rosenberg nos anos setenta a partir da psicologia humanística de Carl Rogers. Esse processo facilita a harmonização de suas necessidades, com as necessidades de outras pessoas, de uma maneira empática. Grande parte dos problemas entre casais, pais, filhos, empregados e empregadores, vizinhos e governantes podem ser amenizados e frequentemente evitados apenas com palavras.

Tudo o que falamos ou fazemos tem como objetivo atender nossas necessidades ou fazer com que sejam atendidas por outras pessoas. A intenção da comunicação não violenta é (re) criar uma conexão entre pessoas, para que todas as necessidades sejam atendidas sem violência. Para criar conexões devemos ser neutros e não utilizar “GAVETAS”, preconceitos formados, julgamentos pré-concebidos sobre o outro. Existem avaliações comportamentais que são vistas como sentimentos, quando na verdade são julgamentos ou críticas. No julgamento, o uso da razão e das “gavetas” é comum, é a relação de causa e efeito, existe a intenção de castigar ou premiar. Em contra partida podemos fazer uma valorização que é o oposto do julgamento, nela nos preocupamos se o comportamento ou a necessidade do outro combina com os nossos valores, se atende às nossas necessidades. Na valorização é criada a conexão, a energia está no coração, olhamos com os olhos do outro, nos colocamos no lugar do próximo e existe a intenção de fazer acordos.

Ninguém pode nos ferir com palavra (criar sentimentos) se você próprio não permitir. Para fazer uma correta avaliação de uma situação, devemos passar por etapas como a observação, que são os fatos ocorridos que estimulam a interpretação, a interpretação propriamente dita, ou seja, a minha tentativa de compreender, o que realmente penso sobre o que estou vendo e a avaliação que é a fonte dos nossos sentimentos, é o que sinto sobre o que estou pensando.

A violência é uma atitude trágica de uma necessidade não atendida. O outro não é responsável pelos seus sentimentos, poder ouvir e ter controle sobre como reagir é uma arma poderosíssima. A Comunicação Não Violenta possui uma estrutura, treina a observação da situação e os sentimentos, separa e descrevem as reações, nos mostra como devemos expressar-nos, e procurar as reais necessidades no outro para solucionar o problema em questão.

A mensagem possui uma arquitetura formada por quatro aspectos que são o fato, o apelo, a relação e a auto-revelação.  O fato é a descrição da mensagem, o apelo, o que eu desejo realmente que a pessoa faça, a relação é o meu julgamento ou avaliação sobre a outra pessoa e a auto-revelação é a minha real necessidade.

Na Comunicação não violenta existem 4 passos, que são os passos para expressar-se, são eles:

OBSERVAÇÃO - FATO
SENTIMENTO – O QUE SINTO
NECESSIDADE – O QUE QUERO
PEDIDO - APELO

Como acima, a Observação é o fato ocorrido, direto e objetivo (ex.: O semáforo está verde), o outro passo é demonstrar nossos sentimentos (raiva, alegria, tristeza), no nível do sentimento podemos trocar facilmente por pensamentos, muitas vezes é apenas uma crítica reprimida e pensamos ser um sentimento, nesse momento podemos criar crenças limitadoras ou não (ex: Estou nervoso). Passamos então para a nossa real necessidade, muitas vezes não falamos realmente o que queremos, deixamos essa mensagem oculta e descobrir a necessidade do outro é quase que acabar com o problema (ex: Quero chegar na hora. A pontualidade é importante para mim), nesse nível formamos julgamentos e o pedido, que é um tipo de apelo, que sempre deve conter a sua real necessidade (ex: Por favor, pode acelerar?).

Esse tipo de comunicação apresenta quatro reações:

1) Postura de culpar o outro, é o que chamamos de pingue-pongue, as pessoas discutem entre si, defendem-se, trocam ofensas a briga é estimulada. As partes não prestam atenção às necessidades do outro causando desconforto e irritabilidade. Tentam à todo momento defender-se dos julgamentos.

2) Postura de Culpar a nós mesmos, quando a raiva é expressada e o ouvinte adota uma postura de coitado, vítima, de ser o total culpado pelo ocorrido. Pode causar desconforto e sensação de pena no outro.

3) Postura de Empatia, quando questiona-se as necessidades do outro buscando a compreensão e tentando fazer uma conexão. Muitos sentimentos podem aparecer, menos culpas, vergonha ou raiva.

4) Postura de Honestidade, quando a conexão é feita com a pessoa que expõe o problema mostrando que se importa com os seus sentimentos. Essa comunicação trabalha o feedback. Foca honestamente nos sentimentos do outro.

Para expressar-nos corretamente sempre devemos utilizar o esquema da observação, seguido do sentimento, nossas reais necessidades e o nosso pedido.  Pedir é uma arte, eles devem ser concretos, positivos e podem ser verificados. Devemos ter o cuidado de não confundir pedidos com exigências. Quando pedimos algo, aceitamos NÃO como resposta, o critério básico do pedido é o outro ter o direito de escolha. Já na exigência ocorre uma submissão ou rebelião. Não existe a escolha a empatia, o querer do outro não tem importância, não existe respeito pelo querer alheio.

Aprender a comunicação não violenta agrega força e tranqüilidade, pois você passa saber que o outro não tem poder sobre os seus sentimentos, sobre o seu estado, suas avaliações podem ser mais justas e concretas, suas expressões e palavras podem ser controladas e avaliadas para lhe servirem de ferramenta para uma comunicação mais eficaz, trazendo maior e melhor qualidade de vida. Viva a Comunicação!

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