Metamodelo de Linguagem – Parte I
O
Metamodelo é a maneira como o indivíduo busca traduzir suas representações
interiores, ou sua maneira de pensar através das palavras (perguntas). Criamos
conflitos e diferenças e nos aproximamos por semelhanças. O Metamodelo é
constituído de padrões disponibilizando a cada um de nós uma forma eficaz para
identificar omissões, distorções ou generalizações na fala do outro. Cada
padrão disponibiliza uma pergunta, um desafio para podermos chegar à parte mais
profunda do discurso alheio. É o processo de observar um evento ou série de
eventos e “quebrá-los” em partes menores, para entendê-los e reproduzi-los.
A linguagem é considerada a estrutura superficial da comunicação,
enquanto os filtros mentais representam a estrutura
profunda. Mal-entendidos, distorções e conflitos são gerados porque a
comunicação que ocorre no dia-a-dia acontece na estrutura superficial.
A habilidade em obter e
transmitir idéias com precisão gera compreensão e respostas rápidas. Dentro de
uma empresa o resultado é excelente. Um diretor que sabe pedir aquilo que quer
terá como retorno uma ação eficaz por parte de seus colaboradores. Com o Metamodelo é possível descobrir como
fazer perguntas para obter respostas específicas e a melhor qualidade possível
de informações. Por exemplo, uma pessoa que constantemente diz ou pensa:
"Sou fraca" Pode-se perguntar: "fraca comparada a quem?",
"Em todos os momentos?", “algumas pessoas me aborrecem”, não é
possível formar um quadro completo da situação. É necessário perguntar “como”:
“Como especificamente essas pessoa o aborrece?”.
Para se usar os padrões do Metamodelo de forma adequada, dois fatores são importantes: saber
ouvir sempre as palavras do interlocutor e captar adequadamente a sua
comunicação não verbal, e manter o rapport.
Vale ressaltar a importância da utilização correta dessa técnica, pois
ela pode causar desconforto ao interlocutor. O cuidado com a entonação, a
atitude e a musicalidade na sua voz são importantíssimos. Uma pergunta feita de
maneira arrogante ou ameaçadora pode destruir o rapport e acabar com qualquer
chance de aplicar a técnica.
Falarei dos padrões de Metamodelos mais utilizados e como colocá-los em prática. O
principal é saber fazer uma cuidadosa formulação de objetivos para estar ciente
do que buscar na fala do outro. Espere pelas palavras, preste atenção na fala,
lance mão de perguntas a fim de se chegar à origem desejada.
Perguntas bem formuladas, ou Metamodelo, constituem instrumentos poderosos para ir ao encontro
do que realmente desejamos. As perguntas direcionam imediatamente o foco de
concentração e recuperam informações valiosas que podem estar eliminadas da
mente consciente. São exatamente essas distorções, generalizações e suposições
que podem ser desafiadas para se obter uma comunicação eficiente com o maior
número de informações. A mente tem a tendência natural de suprir a falta de
informações subjetivas com figuras imaginárias criadas por ela mesma. Elas
entram pelo filtro das generalizações, eliminações e distorções, e o produto
filtrado está longe da realidade externa do acontecimento. O risco é acreditar
e sofrer muito, e desnecessariamente, por causa desse modelo ou mapa
representativo distorcido da realidade.
Distorções e Omissões - Ele está sempre bem arrumado; É elegante demais;
É charmoso; Faz muito sucesso pelo seu jeito de ser; A maioria das mulheres o
acha uma graça; É muito simpático;
Generalizações – Toda mulher dirige mal; Todas as vezes que chego
a casa tenho problemas; Todo cliente quer se dar bem;
Quais
Padrões de Metamodelos de Linguagem
mais usados podemos destacar:
Deleção: é ocultar algo. É impossível descrever
experiências com todos os detalhes sem suprimir detalhes ou a idéia geral da
narrativa. O problema é apagar informações vitais ou importantes. O bom
comunicador deve atentar-se ao receber uma comunicação deletada, pois a mente
do receptor costuma preencher o espaço da deleção com suas próprias referências
pessoais. Muitas vezes ouvimos frases do tipo: "Estou confuso",
"Estou surpreso" ou "Estou deprimida". As palavras
"confuso", "surpreso", "deprimido", são
predicados, palavras que exprimem ação, referem-se a um relacionamento entre
diferentes coisas. Quando alguém está confuso com algo que foi deletado da
comunicação, se quisermos descobrir ou acessar essa informação, teríamos que
lançar mão do Metamodelo e
perguntar: "Você está confuso com o quê especificamente?", ou "O
que exatamente está confundindo você?"
Nominalizações: Também chamada de substantivação do verbo, é um
processo que transforma um verbo em algo estático. Por exemplo, se o emissor
diz: "Sinto falta de amor". A pergunta poderá ser: "Como você
gostaria de ser amado? Se a pessoa diz: "A felicidade é mais importante",
a pergunta é "Quem está feliz e de que maneira especificamente? A
nominalização é também uma forma de deleção, pois deleta-se certas informações
sobre o processo daquilo que se está falando.
Índice
de referencial não específico: É a
eliminação, ausência de referência, do nome, numa frase ou comunicação. Frases
como: "Eles me irritam", "As mulheres são assim", são
frases não específicas, em que pessoas ou coisas foram deletadas.
Quantificador
universal: são palavras que tem
significados radicais, ocorre com as palavras: todo, cada, sempre, nada,
ninguém, nunca, nenhum, tudo. São situações que podem ter ocorrido umas duas ou
três vezes e são generalizadas como se acontecessem sempre. Exemplos:
"Crianças são bagunceiras", "Os homens são infiéis".
Operador
modal de possibilidade e necessidade:
englobam todas as capacidades ou deficiências do indivíduo. Exemplo: "Eu
não consigo fazer isto". "Eu posso fazer aquilo". São coisas do
tipo: posso, não posso, é possível, é impossível". Os operadores modais de
necessidade: "devo", "não devo", "tenho que", é
"necessário que". Indica em suas sentenças que aquela pessoa está
numa situação em que não tem outras opções a escolher, limitando-se a situação
de fatalismo ou de obrigatoriedade. As perguntas neste caso podem ser: "O
que te impede de?", "O que aconteceria se você não fizesse?" Ou
"O que poderá acontecer se você não fizer?"
Causa
e Efeito: Trata-se de duas situações ou experiências ligadas por uma relação de
Causa e Efeito. Se dissermos: “Ela me causa muita dor” ou problemas ou me faz
mal, ou o olhar dela me deixa incomodado, estou pressupondo uma conexão entre
essas duas situações, ela e meu incômodo. É importante saber que as causas
podem ser bem diferentes daquelas em que nossa limitação mental possa
acreditar. Na maior parte do tempo desconhecemos a enorme variedade de causas
que levaram a um determinado efeito.
Equivalência
complexa: Ocorre quando duas
situações totalmente diferentes se relacionam uma com a outra, como uma relação
de causa e efeito. Exemplo: "Ela está gritando comigo... ela me odeia".
Podemos perguntar: "Os gritos dela sempre significam que ela o odeia? Você
já gritou com alguém que não odeie?".
Execução
perdida: É um julgamento ou
avaliação de uma situação qualquer na qual o autor, o contexto e as condições
ou critérios deste julgamento foram eliminados. Caracteriza-se pelo uso de
palavras, tais como: "é bom, é mau, é certo, é errado, é verdade, é
falso". O desafio, para completar a linguagem é procurar a fonte de
informação ou autoria, o contexto, procurando conscientizar-se de que esta é
uma deleção e generalização no mapa do sujeito. Podemos perguntar: "É
certo para quem?" "Em que situação?" "Errado para
quem?".
Muitas dificuldades na comunicação seriam
facilmente superadas com a compreensão e o uso adequado dos Padrões de Metamodelo. Arrisque-se, preste mais
atenção ao que dizem a você. Eu os desafio a OUVIR livres de barreiras e
crenças pré-criadas, por uma semana, e tenho a certeza que descobrirá o quanto
pode melhorar. No próximo post falaremos sobre o Metamodelo com os níveis lógicos, auxiliando-os a capacitar e
chegar ainda mais fundo nas crenças, valores e modelos utilizados por seus
interlocutores.
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