A Gestão do Cuidado
Recebi esse texto de um conhecido, e compartilho por achar válido a experiência de ao menos gerir de maneira correta seus relacionamentos e seu tempo. O gerente de sucesso será aquele que
entender profundamente de gente. Esta atenção às pessoas passa por três pontos
principais.
Nas ocasiões de festa é comum se
arrumar uma “fala do presidente aos empregados”. E quando eles falam raramente
vão deixar de citar que “os empregados são os grandes recursos da organização”.
Trata-se do discurso do óbvio e, não poucas vezes, tem por objetivo justificar
o descuido com o pessoal durante o ano. Nada mais são do que tentativas inúteis
de envolver o grupo, trazendo-o para o seu lado.
Não é por aí. O comprometimento dos
empregados acontecerá naturalmente no dia a dia da gestão. A arte de envolver
os empregados passa pelo gerenciamento que valorize as pessoas. Um modelo de
gestão aberto que mostre, na prática, que as pessoas não são os recursos. Estes
são a tecnologia, as máquinas, as plantas industriais e o dinheiro.
Ao contrário do que costumam dizer os
líderes e muitos documentos do RH, o ser humano é muito mais do que um simples
recurso. Ele é o princípio, o meio e o fim de toda atividade econômica. As
políticas e práticas de gestão de muitas empresas mostram-nos que houve um
esquecimento dessa verdade básica, o que gera uma enorme e silenciosa perda de
energia e resultados.
Ninguém, ao ser contratado, chega
desmotivado e descomprometido. Os novos chegam às organizações carregados de
entusiasmo e de sonhos. O problema é que, pouco a pouco, ao perceberem que são
considerados meros recursos, algumas vezes ainda em nível mais baixo do que os
verdadeiros recursos organizacionais, o desânimo toma conta deles. Acabam por
assumir o que se sinaliza esperar deles: que sejam meras “mãos de obra”.
A gestão das pessoas precisa estar
atenta a este veneno letal que se injeta lentamente na sua força de trabalho. A
gestão necessita do diferencial do cuidado. Muito mais agora, quando a competição se torna a cada dia maior, será
o tratamento individualizado e atento às pessoas que fará a diferença e
propiciará a sustentação e o crescimento da instituição. Tanto quanto entender do negócio e da
sua atividade, no futuro, o gerente de sucesso será aquele que entender
profundamente de gente e conseguir fazer com que se sintam comprometidos. O
primeiro cuidado nesse sentido será o de não desmotivá-los. Sim, porque geralmente
é o exercício errado da função gerencial que causa a desmotivação e o
descomprometimento das equipes de trabalho.
O novo líder, além de todas as
competências necessárias para que exerça com excelência o seu papel, necessita
ser cuidadoso com cada um dos homens e mulheres postos sob seu comando. E não
somente com esses, mas também com todos os demais que, de uma ou de outra
forma, interagem com a sua área de trabalho. Ao fazer o mapeamento dessas
interações, veremos que não é pouca essa gente. Esta atenção às pessoas, à qual
nomino Gestão do Cuidado, passa por três pontos principais:
1 - O ser humano busca o sentido maior
das coisas. Ele pode ter funções muito singelas, mas não se contenta com o
pouco. Ao passar uma tarefa
ou atividade, por mais simples que seja, é fundamental que o líder mostre que
sentido tem aquilo que está solicitando. Mais ainda, ele precisa fazer com que o seu
subordinado veja, com muita clareza, o que está sendo construído. Dar sentido
às coisas é também valorizar o sentido que as pessoas têm. Quando falamos em
sentido, é necessário se estar atento aos três significados principais da
palavra. Sentido enquanto direção: para aonde estamos indo? Que obra estamos
construindo? Que caminho será seguido? Quais dificuldades encontraremos? Sentido
também como significado. O trabalho precisa ter significado e caberá ao gerente
cuidadoso fazer com que o seu empregado tenha clareza e possa se orgulhar do
significado do que constrói. Sentido também como algo que vai além do pensar,
mas que passa pelos sentimentos para que possa se transformar depois em ação.
2 - As pessoas nas organizações têm
consciência hoje de que precisam ter as suas competências atualizadas. Não
tê-las prontas para atuarem fará com que o grupo tenha baixa produção, sendo mais
gerador de problemas do que de resultados. Manter as competências dos
empregados atualizadas é hoje missão impossível para as organizações. Apesar
disto, engana-se o gerente que não possui consciência de que é ele o treinador
do time. E que será ele o técnico que mobilizará e apoiará a todos para
complementarem fora aquilo que a organização não tiver condições de suprir. Os empregados, a partir do seu líder, precisam se
conscientizar de que o aprendizado interessa grandemente à empresa, mas deve
preocupar ainda mais a ele, pois que o que for aprendido é valor que se agrega a ele mais do que à
organização para a qual presta serviços.
3.-.Gente também tem espírito e emoção.
Não somos máquinas. Havia antigamente a falsa noção de que empresa é lugar para
se trabalhar e que deveria permanecer, do relógio de ponto para fora, tudo
aquilo que fosse pessoal ou que pudesse interferir no trabalho. Quando pensavam
assim as instituições, paradoxalmente, estavam nos dizendo que não queriam
gente dentro delas, mas sim robôs. Queriam meras máquinas e aí ficava claro o
porquê de denominarem a força de trabalho como “seus recursos”. Quem consegue manter separadas a vida profissional
da pessoal está doente. Se quisermos gente saudável é preciso entender que as
pessoas têm sentimentos e que não há como separar em duas realidades a vida,
que é só uma. Exercer a gerência do cuidado é ter empatia, é exercer a compaixão. É
sentir o clima e saber quando cada um está bem, e quando necessita de alguma
atenção especial. É acompanhar a execução, é dar metas claras e desafiadoras e
também cobrá-las assertivamente. E enfim, entre tantas outras coisas, é chamar
a atenção em particular, quando for preciso, e elogiar em público.
Um bom exercício gerencial é buscar
saber mais sobre a vida das pessoas sob seu comando, fora do tempo em que estão
na organização. Ao fazer isto é bem possível que se tenha surpresas. Não será
rara a descoberta de que aquela pessoa que parece vegetar durante o período do
dia em que está no trabalho, quando fora da empresa transforma-se em alguém
muito vivo. Às vezes vira um grande e respeitado líder. Constrói, é um animador
dos outros, promove causas, luta e trabalha com grande entusiasmo por aquilo
que acredita. E aí nos vem a pergunta: por que será que ele só se motiva lá
fora?
Implantando a gestão do cuidado se fará
com que essas pessoas que têm tanto a dar e entregam tão pouco resultado,
sintam-se mais valorizadas e integradas, redescobrindo a alegria e os sonhos
que alimentavam quando chegaram para o seu primeiro dia de trabalho. Como você está gerindo seus relacionamentos e seu tempo?
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