Os Quadrantes Cerebrais
Falamos anteriormente em Competências Gerenciais e Aptidões cerebrais, que são entendidas como combinações de conhecimentos,
habilidades e atitudes, expressas pelo desempenho profissional em determinada
função. Nos treinamentos de desenvolvimento do potencial cerebral são
destacados quatro elementos que favorecem o uso de técnicas mentais: a Crença,
a Expectativa, o Desejo e a Imaginação.
A Crença é o somatório de
nossas informações sobre o mundo, ou seja, aquilo que o mundo é; a Expectativa é o somatório de nossa
atitude emocional de como o mundo interage conosco, ou seja, aquilo que o mundo
deseja para nós; e o Desejo é o
somatório de nossa forma de interagir com o mundo, isto é, aquilo que decidimos
fazer do mundo. A Imaginação, por
sua vez, é a técnica operativa, a ferramenta de sincronização destes elementos,
que, auxiliada pela emoção, permite ao indivíduo alcançar a capacidade da
Intuição e o potencial de realizar tarefas.
Sabemos que a estrutura neurológica de nosso cérebro guarda potenciais
psíquicos diferenciados, porém, o balanceamento e a integração requer um
aprendizado cuidadoso. Ao estudarmos e ampliarmos este modelo, utilizamos
formas mais eficazes de usar a energia mental para objetivos específicos. Se
usarmos os modelos dos quadrantes cerebrais, pode-se dizer que, através da
Imaginação, é possível harmonizar o hemisfério cerebral esquerdo (onde estão
arquivadas as Crenças Positivas) com o hemisfério cerebral direito (onde estão
acumuladas as Expectativas de Sucesso) e direcionar este potencial psíquico
para um foco específico – o Desejo.
Podemos citar a área da linguagem linear, em um local do cérebro onde
posicionamos a Crença. Teorizamos que nesta área estão arquivados os “ditos
populares internos”, algo como “sempre faço dessa maneira”, “o mundo é deste
modo”. No outro extremo, a área da Expectativa corresponde a linguagem
emocional, algo como “é possível”, “tenho capacidade para isso”. E a área da
geração de imagens visuais, o córtex visual do cérebro, está efetivamente no
ponto onde localizamos a Imaginação.
Um psicólogo chamado Roger Von Oech, autor de três livros sobre criatividade, analisou as formas de pensar do
ser humano e simbolizou em papéis, conforme pode ser visto na figura abaixo:
Oech disse que o indivíduo, ao refletir sobre algo, usa quatro posturas diferentes: primeiro deve perceber, depois refletir, após concluir e, por último, agir. Estes papéis podem ser representados na forma dos quadrantes cerebrais: O Explorador, o Artista, o Juiz e o Guerreiro.
O Explorador busca obter
informações no mundo para justificar a sua curiosidade. Ele não se preocupa com
a qualidade das informações e sim com a quantidade. Experimenta várias
abordagens e ângulos. Sua característica básica é a ousadia. Em termos de
quadrante cerebral, este papel é função principal do Hemisfério Cerebral
Esquerdo, em sua parte posterior. Esta mentalidade investigativa é essencial
para o início do processo criativo.
O Artista dispõe de todos
os dados que o Explorador obteve e os adapta, transforma, inverte, reinventa,
compara, distorce e associa, de todas as formas possíveis. Esta fase é a
incubadora de idéias e nada deve ser criticado. Este lado da mente é função
principal do Hemisfério Cerebral Direito, em sua parte posterior. A
visualização ajuda muito neste processo.
O Juiz é o terceiro papel
criativo. Ao contrário do que se pensa, este é um papel extremamente positivo e
importante. Muitas ótimas idéias se perdem por não se usar o lado juiz no
momento certo. O Juiz avalia o que o artista criou e questiona a sua adequação e
viabilidade, adaptando os recursos disponíveis. Ele sempre se pergunta: “o que/
quando/ como/ quanto?” E, também se pergunta, após a implantação de idéias: “o
que pode ser melhorado? O que aprendi com as falhas? O que aprendi com os
acertos?”. Este lado da mente é função do HCE, em sua parte anterior. É uma das
funções mais recentes, evolutivamente falando, do cérebro humano, o que
justifica a dificuldade que temos de empregá-la apropriadamente. Muitas vezes
nós permitimos que o Juiz invada o papel do Explorador ou do Artista, impedindo
o desenvolvimento adequado de suas funções. Ou, ao invés, bloqueamos o Juiz,
dificultando as avaliações isentas de nossas decisões.
O Guerreiro é o quarto
papel criativo. Ele obtém as idéias aprovadas pelo Juiz e as implanta. O
Guerreiro é o Fazedor Interno e o Realizador – detém a chave da Motivação. Não
é suficiente utilizar bem o Explorador, o Artista e o Juiz, se pecamos em
impedir que o Guerreiro se manifeste. Esta parte está principalmente localizada
no HCD, em sua parte anterior, e é que nos encaminha para a realização.
O Guerreiro deve ser imune as críticas, pois o Juiz já teve tempo para
verificar todas. O Guerreiro não deve ser cego ou teimoso e nem soberbo, mas
manter-se firme, caso continue recebendo “feedback” positivo das outras partes
de sua mente.
Pode ser observado que o ponto de acúmulo da Crença está na interseção
dos quadrantes Explorador e Juiz. Isto é, as Crenças são funções do que sabemos
e conhecemos sobre o mundo e como o julgamos e avaliamos. Do mesmo modo, o
ponto de junção da Expectativa é a interseção do Artista com o Guerreiro. Isto
é, as Expectativas são funções de como “recriamos” o mundo em nossas mentes mas
também como decidimos e agimos em relação a isso.
No centro dos quadrantes cerebrais, há um nexo interessante. Neste
ponto, onde há uma rede de nervos chamada de corpo caloso, há um reforço na
interação entre os hemisférios cerebrais. E, neste ponto, também, abaixo do
corpo caloso, reside o sistema límbico, a área neurológica desencadeadora das
emoções. Esta área, no cérebro animal pouco desenvolvido, é a base do Instinto.
Ela se subdivide em uma área instintiva mais baixa (ligada ao tronco medular) e
uma área emocional mais evoluída, nos animais mais modernos, principalmente
mamíferos superiores. Podemos teorizar, no modelo simbólico, que a Imaginação,
para alcançar o ponto do Desejo, precisa “passar” por um caminho neurológico no
centro do cérebro, sendo “energizada” pelo Instinto e pela Emoção. E só
consegue isto com a perfeita integração da Crença com a Expectativa (HCE e
HCD).
Em suma, se perceber dificuldades com a sua Criatividade, analise se
os seus papéis criativos por acaso não estão misturados ou enfraquecidos. Para
isso é importante que os papéis sejam utilizados na hora certa: quando for hora
de perceber, perceba; na hora de refletir, reflita; na hora de concluir,
conclua; e na hora de agir, aja. Aliado a este estudo, focalizaremos agora a
interação destes quadrantes cerebrais com técnicas de visualização de
objetivos, conforme ensinadas na Neurolingüística.
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